Bartkowiak

Bartkowiak Crítica Filme Netflix Pôster

Sinopse: Tomak Bartkowiak (Józef Pawłowski) é um ex-lutador de MMA que acaba caindo em desgraça após perder uma luta para seu maior rival no ringue ser pego usando drogas. Meses depois, ele aparece trabalhando como segurança em uma boate, onde se envolve em uma briga com um rapper marrento.
Direção: Daniel Markowicz
Título Original: Bartkowiak (2021)
Gênero: Thriller | Ação
Duração: 1h 31min
País: Polônia

Bartkowiak Crítica Filme Netflix Imagem

Bem, Amigos!

Dando um tempo na maratona olímpica dos últimos dias, já que a seleção de handebol feminino não inspirava muita confiança na classificação, o final da noite de domingo da Apostila de Cinema teve um toque de Domingo Maior, aquela sessão de filmes da Globo com produções de ação de um leque de reduzido de “astros” do gênero. A escolha por “Bartkowiak“, mais uma obra polonesa a chegar ao catálogo da Netflix (há poucos dias foi ao ar “Interrompemos a Programação“), passou por preterir um desses atores que consagraram o thriller de ação formulaico. Jean-Claude Van Damme também está na plataforma de streaming mais popular do mundo com “O Último Mercenário“, mas deixamos o veterano para outro dia.

Talvez não tenha sido a melhor escolha. O longa-metragem de Daniel Markowicz consegue ser ainda mais vazio do que sua rasa proposta. A sequência inicial nos apresenta Tomak (Józef Pawlowski), um aspirante a lutador de MMA que exagera nos golpes ao nocautear um oponente. Cena carregada de plasticidade, flertando com a violência crua – e até mantendo a temática esportiva no sofá que vive no momento no fuso horário de Tóquio. Porém, avançamos seis meses no tempo e encontramos uma narrativa que parece querer fugir de um fiapo de história, mas entrega argumentos pouco interessantes, verdadeiros obstáculos para que a ação tomasse conta do filme.

O diretor parece levar a sério a missão de se tornar um inimigo do entretenimento aqui, quase uma punição do destino pelo ato antipatriótico de deixar de acompanhar nossos potenciais medalhistas apenas com medo de cair no sono. É provável que a regata de vela ou a extensa partida de tênis de mesa que encontraria como alternativa fossem ainda mais movimentadas do que as representações de Markowicz. Até mesmo o prazer dos diálogos ruins, típicos de um gênero que diverte mais quando é mal realizado, nos foi tolhido.

O roteiro de Daniel Bernardi, que começa carregado de diálogos constrangedores, começa a se levar a sério demais – a ponto de tornar seu clímax, este sim espetacular com o discurso do vilão traçando metáforas entre o crime e a jardinagem, deslocado. Na centelha de romance que a obra desperta, o encontro em um jantar é palco de uma pérola como a seguinte troca de falas: “eu não tenho uma reposta para boa” e “então, pode ser uma ruim” – há produções adultas com diálogos melhores.

O que não podemos confirmar se houve deslocamento de esforço dos realizadores para outros pontos da produção, porque não encontramos algum que funcionasse. Há uma trama carregada de pretensões, que se baseia na misteriosa morte do irmão do protagonista. Tom decide manter a boate da família em funcionamento, apesar da pressão que a especulação imobiliária lhe impõe. Localizado na área central da cidade, em processo de revitalização que a tornaria um novo centro empresarial, o longa-metragem parece querer falar de ocupação de espaços antes marginalizados e gentrificação de territórios. O que passaria pela mudança da ideia de máfia e poder paralelo nesses pontos.

Ou seja, com boas perspectivas para entregar violência e ação, com provocações dentro da narrativa que o tornasse ligeiramente menos formulaico e mais interessante, “Bartkowiak” se afunda, em um thriller frio, que nem o delicioso final nonsense da jardinagem conseguiu melhorar.

Veja o Trailer:

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema associado à Abraccine e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

1 Comment

  1. Realmente, perdi uma hora e meia de vida vendo este filme. Que roteiro preguiçoso.

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