Leia a crítica de “Morte Morte Morte”, estreia da semana nos cinemas.
Sinopse: Um grupo de amigos ricos se reúne para fazer uma grande festa em uma mansão remota. Porém, a noite rapidamente descarrila em algo mais sinistro após eles começarem a ser mortos um por um.
Direção: Halina Reijn
Título Original: Bodies Bodies Bodies
Gênero: Terror | Comédia | Suspense
Duração: 1h 34min
País: EUA
Espelho Como Tragédia
Com potencial para se tornar um clássico da Geração Z, “Morte Morte Morte” é também uma crítica à mesma. Sem querer se deixar definir por um só gênero, o terror/suspense/comédia dirigido por Halina Reijn cresce por conta das personagens estereotipadas que fazem o filme ser aquilo que pretende: uma brincadeira dentro de uma brincadeira.
Ao contrário do que se pode inicialmente pensar, não é, no entanto, uma diversão vazia. Por mais que venha por meio de grandes tapas na cara, a acidez funciona como desencadeador de uma realidade melancólica que é bem característica dos jovens entre 20 e 25, mas também se aproxima da nossa.
Relacionamentos superficiais, aplicativos de namoro, fluidez romântica, a aparência como jogo. Tudo está em “Morte Morte Morte” como troca possível entre pessoas que se põem constantemente em movimento sem sair do lugar (literal e emocionalmente). Por mais que escolha seguir o caminho da risada (o que faz muito bem), a cineasta conta com Amandla Stenberg (de “O Ódio que Você Semeia“) e Rachel Anne Sennott (de “Shiva Baby“) para preencher o jovem elenco de carga dramática. Ressalto ambas por predileção, porém Myha’la Herrold, Chase Sui Wonders – musas das séries “Industry” e “Generation“, respectivamente – e Maria Bakalova (indicado ao Oscar por “Borat: Fita de Cinema Seguinte“) também merecem destaque.
A diversão do filme se dá a partir do momento no qual nos deixamos ser partes integrantes do jogo. A proposição de uma brincadeira entre amigos é o início da sanguinária trajetória que, inicialmente, deve nos levar ao assassino. É possível que, caso queira apressar a revelação, o trajeto se torne menos interessante do que foi por aqui. Ao efetivar a transposição entre virtualidade e realidade, Reijn brinca com o cotidiano das redes sociais. Afinal, quantas vezes nos pegamos vivendo através do espelho do Instagram, Tik Tok e afins nos últimos anos?
Logo de início, anuncia que é por essa fronteira que iremos caminhar. Entre a ridicularização e a autopromoção, o riso vem em forma de nervoso pelo triste reconhecimento de que, às vezes, a gente é bem parecido com o que vê na tela.
Veja o Trailer: