Sinopse: Alice é obrigada a se mudar sozinha para uma pequena cidade, onde encontra um novo grupo de amigos. Ao invadir um parque de diversões para resgatar um dos seus colegas, Alice descobre segredos sobre a sua identidade e precisa fazer escolhas.
Direção: Rodrigo Grota
Título Original: Passagem Secreta (2020)
Gênero: Aventura
Duração: 1h 35min
País: Brasil
Até Chegar
Único longa-metragem da Mostrinha, com filmes dedicados ao público infantil dentro da programação da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, “Passagem Secreta“, dirigido por Rodrigo Grota, em alguns momentos, não consegue se equilibrar tão bem no manancial de referências. Comum em narrativas que buscam dentro do audiovisual de entretenimento suas conexões, mas nem sempre utilizadas a favor do andamento da narrativa.
O início da obra já nos coloca diante de uma trilha sonora que usa os sintetizadores para nos ambientar enquanto aventura que usa uma espécie de realismo fantástico tecnológico. Evitaremos até mencionar um arsenal de produções que dialoga com as propostas de Grota, até porque isso poderia gerar a impressão de que não há originalidade na história. Pelo contrário, a trajetória de Alice, que mudará de cidade sem sua mãe e terá que costurar um recomeço bem mais traumático do que o habitual, é bem diferente de ideais simplistas que estamos acostumados a ver em filmes produzidos para um público mais jovem.
A montagem nos faz transitar por dois espaços, o de Alice e o de seus novos amigos, capitaneado por Sofia. Duas pontas que demoram a se unir, muito porque sentiu-se a necessidade de fazer algumas releituras de símbolos que engessam a trama. Mais do que elementos de figurinos ou de cenário (como a bonita camisa de um dos meninos com menção a um filme do Zé do Caixão e a ideia de reconstituir o gabinete do Dr. Caligari no parque de diversões), algumas representações parecem suspender as ações para se fazerem presentes. Uma delas é a aparição do personagem vivido por Arrigo Barnabé, um dos maiores exageros kitsch do Cinema Brasileiro desde Guilherme Karan em “Super Xuxa contra Baixo Astral” (1988).
Aos poucos vamos percebendo que “Passagem Secreta” aposta na construção do mistério por muito tempo, não dando espaço para a aventura. Quando ela aparece, é referencial, como a caminhada de quatro pré-adolescentes na floresta, tal qual uma certa adaptação de Stephen King. Rodrigo Grota demarca os territórios de gênero, separando partes da narrativa para explorar a carga dramática, a ação no parque de diversões e a solução do mistério. Talvez apostar em uma dinamismo maior da obra não soaria confuso aos pequenos espectadores.
Mesmo assim, o clímax de terror e os minutos finais trazendo uma tonalidade mais lisérgica ao filme é muito bem executada – e as possibilidades abertas com um fim que deixará os mais novos completamente pirados. O saldo da parte final de “Passagem Secreta” é positivo, só não tem tanta força porque estamos diante de uma história que se esmiúça até chegar ao ponto que torna possível toda essa diversão.
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