Antes que o Mundo Acabe

Antes que o Mundo Acabe

Sinopse: Em “Antes que o Mundo Acabe”, o trio de amigos Daniel (Pedro Tergolina), Lucas (Eduardo Cardoso) e Mim (Bianca Menti) passam pelas mudanças que a adolescência traz, desde decisões sobre o futuro até conflitos antes inexistentes.
Direção: Ana Luíza Azevedo
Título Original: Antes que o Mundo Acabe (2009)
Gênero: Drama
Duração: 1h 40min
País: Brasil

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Troco as Dores por uma Câmera

Talvez um dos grandes trunfos de “Antes que o Mundo Acabe” (2009) , seja também uma de suas maiores fraquezas. A narrativa muito inspirada em “Ilha das Flores“(1989) e “Meu Tio Matou um Cara” (2004) traz a marca de Jorge Furtado , que assinou o roteiro junto com Ana Luíza Azevedo de “Aos Olhos de Ernesto“, sobre o qual já falamos aqui.

Isso faz com que o filme funcione para alguns, talvez aqueles mais novos que se identifiquem com os personagens e não tenham um conhecimento profundo a obra anterior de Furtado. No entanto, para quem já conhece a narrativa do diretor, o filme soa um pouco repetitivo e as “novidades”, já não aparecem enquanto novidades. A sensação de estar vendo um filme do qual remotamente nos lembramos gera um certo desconforto.

No entanto, o filme não é ruim e se propõe a tratar das dificuldades adolescentes fazendo com que os três personagens principais funcionem bem enquanto trio ou dupla. Às vezes, o triângulo amoroso adolescente parece um pouco forçado, mas só às vezes.

No restante do longa-metragem sentimos a dificuldade de amadurecer marcada pelo fim da escola e o início de algo um tanto quanto imponderável, como o reaparecimento do pai biológico de Daniel (Pedro Tergolina).

O roteiro, baseado em um livro de Marcelo Carmelo Cunha também traz consigo algo de sulista na forma. É difícil explicar exatamente o que é, mas essa estética criada por Furtado está impressa nos filmes do final dos anos 90 e início dos 00. Não quero dizer com isso que “Antes que o mundo acabe” esteja ultrapassado, mas me parece anacrônico visto em 2020.

Talvez porque os adolescentes não sejam assim mais tão ingênuos, mesmo aqueles do interior. Acredito até que, em 2009, estes já o não o fossem. Pode ser também que, pelo fato de já estar do lado de cá da vida adulta há algum tempo, já não consiga identificar algumas indecisões de jovens que, atualmente, me parecem bem mais diretos do que a minha geração foi em sua idade.

Não sei se vale dizer que essa produção envelheceu, mas me parece que, em algum momento no início dos anos 00 ele teria mais a dizer do que agora.

Veja o trailer:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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