A Cidade do Futuro

A Cidade do Futuro

Sinopse: “A cidade do futuro” mostra o relacionamento entre Gilmar, Mila e Igor.
Direção: Cláudio Marques e Marilia Hughes Guerreiro
Título Original: A Cidade do Futuro (2016)
Gênero: Drama/Romance
Duração: 1h 16min
País: Brasil

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O Amor tem Limites?

Em “A Cidade do Futuro” os diretores Cláudio Marques e Marilia Hughes Guerreiro do também interessante “Guerra de Algodão” nos mostram a relação estabelecida entre Gilmar (Gilmar Araújo) e Mila (Milla Suzart), dois professores de uma pequena escola em Serra do Rancho e o vaqueiro Igor (Igor Santos).

Ao mostrar o relacionamento localizando-o no interior da Bahia e mostrando como a cidade do Rancho foi construída (com um deslocamento dos mais pobres da capital para o interior, algo semelhante ao que ao que ocorreu em Brasília com as cidades-satélites), os diretores já dão um tapa na cara dos espectadores. Por que há estranhamento nesse relacionamento que consideraríamos extremamente plausível caso o cenário escolhido fosse São Paulo? A ideia de aridez é sempre lembrada nos cenários e na fotografia que tende a exaltar os tons terrosos e amarelados nos lembrando o tempo todo que é do interior que estamos tratando.

O estranhamento  nos envolve e faz com que tenhamos que lidar com nossos próprios estigmas criados em relação ao gênero, ao espaço e aos relacionamentos possíveis em determinadas latitudes de nosso país.

O trio parece se dar muito bem, inclusive em relação ao relacionamento completamente aberto que Mila estabelece com Gilmar. Se há algum casal remotamente parecido com a nossa ideia de amor romântico na história, esse casal é Gilmar e Igor. As cenas mias afetuosas no sentido convencional de amor que encontramos são entre os dois. Até mesmo quando Gilmar dedica à Igor o sertanejo que combina perfeitamente com o clima do filme.

Assim, além de apresentar a Serrinha, o filme também revela que o relacionamento incomoda profundamente a todos moradores da pequena cidade.  Igor, que é vaqueiro, precisa sair em busca de outra profissão, ameaçado de morte. Além das implicações na escola no qual trabalham os outros dois personagens do triângulo amoroso.

Mesmo diante de todas dificuldades os três resolvem assumir essa relação com Mila grávida. É da personagem, aliás, que sai a frase que torna a complexa relação, nada complexa: “Gilmar é o melhor pai que poderia ter escolhido para meu filho,mas não é meu marido“.

A sensação de estranhamento, no entanto, persiste, já que estamos tão acostumados à configuração romântica dos relacionamentos amorosos (em suas mais diversas formas, mas tendo a monogamia como balizadora de alguns tipos de relacionamento).

Aqui, o filme bateu como um puxão de orelhas em uma pessoa que se acha super libertária, mas que jamais conseguiria viver um relacionamento nesses moldes. Talvez, “A Cidade do Futuro”, só seja mesmo possível no futuro, a partir do momento em que todos nós considerarmos que cada um pode viver seu relacionamento da maneira que bem entender.

Veja o Trailer:

Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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