Sinopse: Uma noite, Reine, uma jovem solitária, vê o caos urbano como uma unidade mística que parece viva, como uma espécie de guia.
Direção: Adrien Merigeau
Título Original: Genius Loci (2019)
Gênero: Animação | Fantasia
Duração: 16min
País: França
O Que Nunca se Concretiza
Colocando um ponto final em nossa viagem pelos quinze curtas-metragens indicados ao Oscar 2021, a animação francesa “Genius Loci” é uma lúdica viagem de transformação e cores. Um árduo trabalho que o realizador Adrien Merigeau desempenhou entre 2016 e 2019, como ele registra em sua página oficial. Começando sua trajetória no Festival de Berlim do ano passado, seu reconhecimento pela Academia nos remete a outra poética obra do mesmo país indicada nesta categoria ano passado, “Mémorable” (2019), de Bruno Collet.
Parece sempre que produções como esta chegam, mas não levam. O sistema de votação amplo da Academia faz com que o universalismo e a notoriedade das narrativas norte-americanas se sobreponham. Porém, a qualidade técnica deste competidor, o trabalho de confluência de imagens com o uso do som, são alguns dos elementos insuperáveis por qualquer outro nomeado. Merigeau nos apresenta uma espécie de fluxo de consciência, em que o papel ganha vida. Vira raposa, para depois apresentar uma mulher na rua que começa a pegar fogo.
Reine (na voz de Nadia Moussa) é uma protagonista que vê a cidade lhe dar as coisas. Um território que escurece e não permite a ela, uma jovem negra, ocupá-lo plenamente. Estamos diante de uma busca que nos remete um pouco às trajetórias dos protagonistas de “Dois Estranhos” e “O Presente“, curtas-metragens em live action dos EUA e Palestina, respectivamente. Há uma constante tentativa de se afirmar ou, pelo menos, de se encontrar.
A protagonista cruzará o caminho da amiga Rosie (Georgia Cusack), entrará em um local religioso e usará a música como ferramenta. Quer descobrir maneiras de se sentir bem – ou menos pior. Mas a forma implacável como a sociedade a sufoca transforma todas aquelas conquistas em temporárias. Até que somos levados a uma manifestação de revolta contida, pela simbologia de um cachorro. Por conta de uma opção por ser um redemoinho de referências, com uma dinâmica de constantes mudanças, a narrativa de “Genius Loci” tem um poder de síntese menor. Isso a tornará mais difícil do que todos os outros indicados junto ao público. Então, na disputa entre meio e mensagem, sabemos que seria uma surpresa gigante o troféu parar em suas mãos.
Veja o Trailer:
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