Garota da Moto

A Garota da Moto Filme Crítica Poster

Sinopse: Joana, uma jovem mãe que trabalha como motogirl, descobre acidentalmente uma fábrica em que mulheres refugiadas são exploradas como escravas. Ela enfrenta os bandidos e liberta as mulheres, mas atrai para si um novo problema. O chefe de segurança que controlava o esquema de exploração precisa provar sua eficiência depois desse fracasso. Para isso, ele decide que irá matar Joana e quem mais estiver com ela, para que sirva de exemplo. Uma emboscada é armada para quando Joana e seu filho Nico estarão participando de um mutirão na escola do menino. Joana, que é uma exímia lutadora, terá que defender não só o filho e a si mesma, mas todos na escola de um bando de criminosos fortemente armados e com ordem de exterminar quem estiver pela frente.
Direção: Luis Pinheiro
Título Original: Garota da Moto (2021)
Gênero: Ação
Duração: 1h 25min
País: Brasil

A Garota da Moto Filme Crítica Imagem

Snyder Televisivo

Co-produzido pela Fox (in memorian), a série “Garota da Moto” teve duas temporadas e pouco mais de cinquenta episódios exibidos na década passada. Agora, seu plot inicial, roteirizado por David França Mendes, ganha os cinemas em um longa-metragem estrelado por Maria Casadevall, no espaço antes ocupado por Christiana Ubach. Um produto que ficou perdido nos anos de 2016 e 2019 no SBT, que tentou vender para o mercado publicitário em horário nobre e não encontrou público, pela diferença das atrações programadas há anos na grade nesta faixa.

O seriado ia ao ar às 22 horas, entre uma novela infantil e o programa, pela hora da morte, do Ratinho – que compunham tradicionalmente o local, com espectadores distintos daqueles que poderiam se interessar pelas histórias de ação envolvendo um motogirl com um passado misterioso. Uma mulher que tenta usar o campo das possibilidades e as chances de se manter anônima (e à margem) para cuidar do filho na cidade de São Paulo. Com um player grande por trás, detentora à época de uma rede de canais de TV por assinatura, orçamento e publicidade foram garantidos para que temporadas não fossem interrompidas.

Agora, o diretor Luis Pinheiro refaz a trajetória inicial da protagonista, que supre o arco de origem com uma narração ligeira, tornando a introdução da obra bem dinâmica. O filho de Joana é fruto de um relacionamento com um homem casado, que acabou falecendo. Perseguida pela viúva, ela trabalha com fretes rápidos, mas dentro do capacete vive uma paranoia constante. O cineasta tenta nas primeiras sequências equilibrar o olhar panorâmico sobre o território com a construção íntima da personagem. Mas, aos poucos vai abandonando qualquer elemento periférico e foca na mistura de fuga e justiçamento da moça.

Há um expediente no filme que parece mais vinculado ao virtuosismo estético do que na proposta de uma unidade estilística, sem dialogar tanto com as outras representações da obra. Um câmera lenta que se estende até não poder mais, emulando o que há de mais cansativo em produções como a de Zack Snyder (e horas intermináveis de experiências como “Army of the Dead: Invasão em Las Vegas“). Sequências que revelam subtramas atravessadas, nada promissoras, que parecem revisitar personagens que se justificam na amplitude de uma série, mas pouca influência praticam nos noventa minutos do longa-metragem.

Casadevall tem potencial para ser uma action figure brasileira: é conhecida do público e tem carisma de protagonista. Todavia, “Garota da Moto” quer mais criar situações que explorem o thriller, abandonando qualquer traço dramático ou no apelo para o performático. O slow chega a ocupar quase o clímax inteiro, o que não seria um problema se a criatividade visual fosse percebida.

Falhando na missão de encontrar em São Paulo a invisibilidade que traria a paz para sua família, Joana foi para a guerra. Só que, ao final, o público não sabe se assistiu a um novo piloto da mesma série ou a um filme que pretendia dar a volta em si mesmo. Para tentar superar a estética televisiva, seu realizador acaba exagerando em uma proposta que amplifica os erros quando executada com pouco apreço pela visualidade.

Veja o Trailer:

Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

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