Artigo | Ouça e Veja Mulheres Negras | Itaú Cultural

maria beatriz

Artigo | Ouça e Veja Mulheres Negras | Itaú Cultural

Screenshot_2020-07-28 Ouça e veja mulheres negras Itaú Cultural

Ainda Há o que Caminhar

Dia 25 de julho foi o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Como parte das mobilizações para a data, o Itaú Cultural, no programa chamado “Ouça e Veja Mulheres Negras”, reuniu uma série de vídeos e áudios gravados em anos anteriores que fazem uma cobertura bem diversa trazendo para o diálogo a poetisa e atriz Elisa Lucinda, a escritora Conceição Evaristo, a artista plástica Renata Felinto e a cantora Luedji Luna, dentre outras.

Escolhemos esse conteúdo pela pluralidade que apresenta, mas durante a semana passada e essa, diversos eventos ocorreram, mas gostaria de dar especial atenção aos dois dias de diálogo que celebraram a vida de Maria Beatriz Nascimento, historiadora, ativista e pesquisadora da diáspora negra. Beatriz pode ser vista uma das percursoras do ativismo negro acadêmico no Brasil, mas teve sua vida brutalmente interrompida em 1995 quando tentou defender uma amiga do marido.

Os dois encontros virtuais ocorreram na plataforma Zoom com a presença de Conceição Evaristo, da filha Bethânia Nascimento e da cineasta Raquel Gerber, com quem fez Ori. Ori, que significa cabeça, é filme experimental de 1989, referência para qualquer estudante negro que pretenda se adentrar pelo mundo audiovisual, assim como deveria o ser para qualquer pessoa independentemente da raça.

O que faz de “Ori” uma obra original é a inflamada presença de Nascimento, que nunca se considerou e nunca foi considerada uma cineasta em primeiro lugar. Sua retomada tem sempre como partida a importância de seus estudos sobre os quilombos e sobre a cultura africana em diáspora. Por que então falar de “Ori”? Justamente pela sua unicidade tanto na obra de Beatriz como enquanto obra cinematográfica. Não há nada parecido com o filme e ele precisa, deveria, necessita circular para além do circuito negro.

A consciência negra (também Ori) pode ser celebrada, então, a partir do momento que celebrarmos nossos ancestrais. Vivos ou mortos. Todos na concepção africana de um entendimento religioso nos influenciam em nossa caminhada.

Como esse se propõem ser também um canal de referências visuais e artistas das mais diversas, não poderíamos deixar passar o mês da Consciência Negra sem fazer algum movimento no sentido de difundi-la e compreendê-la.

O “Ouça e Veja Mulheres Negras” traz uma série de outras mulheres que fazem de sua vida esse projeto de amplitude da cultura negra e de resgate do que foi estrategicamente escondido.

Aqui na Apostila de Cinema, assim como em qualquer plataforma que se proponha reflexiva, buscamos fazer esse resgate ao longo de toda nossa produção com filmes como: “Joy” (2017), “Grávida de Mim Mesma” (2020), “Ethereality” (2019) e “Rafiki” (2018). Esses são apenas alguns que tivemos o prazer de ver durante esse tempo de plataforma. Esperamos trazer mais conteúdo provocativo sobre as relações entre o continente Africano e a diáspora.

Certa de que ainda falta muito para caminharmos enquanto irmandade de mulheres negras, mas que estamos andando a passos largos – mais pela insistência do que pela ajuda externa- deixo o link do “Ouça e Veja Mulheres Negras” para que possam aproveitar a sabedoria ancestral. Você pode acompanhá-lo, então, clicando aqui.

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Em constante construção e desconstrução Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin(Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

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