Olhar de Cinema | Apostila
A 9ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba está chegando. Acontece entre os dias 7 e 15 de outubro e a Apostila de Cinema, ainda jovem no circuito, orgulhosamente terá o prazer de participar da mostra como um dos veículos oficialmente credenciados no evento. Abrimos, então, nossa apostila mais do que especial.
Todas as informações sobre o Olhar de Cinema, a venda de ingressos para as sessões, além das atividades paralelas, como oficinas, o Seminário de Cinema e o CURITIBA_lab estão na página oficial do evento. Clique aqui e seja direcionado para ela.
Aqui teremos nossa cobertura crítica, com a maratona que sempre fazemos. A tentativa é assistir ao máximo de obras e analisá-las em perspectiva. Por isso, sempre que o nome de um filme estiver marcado em verde, é sinal que o link de nossa crítica já está ativo. Essa apostila, portanto, será atualiza várias vezes ao dia durante o festival e fica em destaque na página inicial durante o período.
Segue o texto curatorial oficial da página do Olhar de Cinema:
O Olhar de Cinema é um festival que busca destacar e celebrar o cinema independente produzido no mundo. São propostas estéticas inventivas, envolventes e com comprometimento temático, que abrange desde a abordagem de inquietações contemporâneas acerca do micro universo cotidiano de relacionamentos, até interpretações e posicionamentos sobre política e economia mundial.
A seleção apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim, possuem um grande potencial de comunicação com o público.
A curadoria de longas-metragens é de Aaron Cutler, Camila Macedo, Carla Italiano e Eduardo Valente. A curadoria de curtas-metragens é de Carol Almeida e Kariny Martins, com a coordenação de programação de Marisa Merlo. Além do filmes de abertura e de encerramento, sete mostras compõem o Festival esse ano. Não há no formato online de 2020 os recortes Pequenos Olhares, Olhar Retrospectivo e Olhares Clássicos.
São cinco júris, cada um formato por três profissionais. Para premiar a mostra Competitiva foram convidados: Tatiana Carvalho Costa, Nicolas Feodoroff e Cynthia García Calvo. Para a mostra Outros Olhares: Shai Heredia, Maíra Bühler e Maíra Bühler. Para a Novos Olhares e eleição e melhor filme brasileiro: James Lattimer, Haruka Hama e Gerwin Tamsma. O júri da crítica, oficial da Abraccine, é formado por: Stephania Amaral, Susy Freitas e Daniel Herculano. Por fim, o júri AVEC-PR (associação de Vídeo e Cinema do Paraná), que analisa a mostra Mirada Paranaense por: Vanessa Vieira, Vanessa Vieira e Damián Sainz. Mais informações sobre cada um dos representantes pode ser lida clicando nesse link.
A exibição dos filmes se dará por janelas de transmissão. Cada obra terá dois dias não consecutivos de exibição, sendo disponibilizados das 6h desse dia até as 5h59 do dia seguinte. Cada longa ou média custa R$ 5, assim como cada sessão de curtas-metragens.
Segue nosso índice com a lista de todas as produções que serão exibidas no Olhar de Cinema 2020. Clique e vá direto ao trecho correspondente:
Abertura
Competitiva
Novos Olhares
Foco
Olhares Brasil
Outros Olhares
Mirada Paranaense
Exibições Especiais
Encerramento
Programação por Dia
Outras Atividades
Vencedores
(clique em seus nomes e seja direcionado à crítica)
Longas e Médias
Prêmio Olhar de Melhor Filme
Luz nos Trópicos, de Paula Gaitan
Prêmio Especial do Júri
Victoria, de Sofie Benoot, Liesbeth De Ceulaer e Isabelle Tollenaere
Prêmio Contribuição Artística
Catarina de Vasconcelos, por A Metamorfose dos Pássaros
Prêmio do Público
A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos
Prêmio de Melhor Longa-Metragem Brasileiro
Pajeú, de Pedro Diógenes
Menção Honrosa
Agora, de Dea Ferraz
Prêmio de Melhor Filme da Mostra Novos Olhares
O Ano do Descobrimento, de Luis López Carrasco
Prêmio de Melhor Filme da Mostra Outros Olhares
Visão Noturna, de Carolina Moscoso Briceño
Menção Honrosa
O Índio Cor de Rosa Contra a Fera Invisível: A Peleja de Noel Nutels, de Tiago de Almeida
Curtas
Prêmio Olhar de Melhor Filme
Telas de Shanzhai, de Paul Heintz
Prêmio de Melhor Curta-Metragem Brasileiro
Memby, de Rafael Castanheira Parrode
Outros Prêmios
Prêmio da Crítica – Abraccine
Los Lobos, de Samuel Kishi
Prêmio AVEC-PR
Prêmio Destaque do Júri: Meia Lua Falciforme, de Dê Kelm, Débora Evellyn Olimpio
Prêmio AVEC – Berenice Mendes: A Mulher que Sou, de Nathália Tereza
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Lista Geral de Filmes
(clique em seus nomes e seja direcionado à crítica)
Abertura
Competitiva
A Metamorfose dos Pássaros
Entre Nós Talvez Estejam Multidões
Longa Noite (em breve)
Los Lobos
Luz nos Trópicos
Na Cabine de Execução
Nasir
Um Filme Dramático
Victoria
Programa 01 de Curtas
Programa 02 de Curtas
Novos Olhares
Agora
Letra Maiúscula (em breve)
Los Conductos
O Ano do Descobrimento
O Que Resta / Revisitado
Pajeú
Foco
Mr. Leather (em breve)
Paulistas (em breve)
Vento Seco (em breve)
Olhares Brasil
Cabeça de Nêgo
Canto dos Ossos
Cavalo
Fakir
Sertânia
Um Animal Amarelo
Yãmĩyhex: As Mulheres-Espírito
Programa 08 de Curtas (em breve)
Outros Olhares
A Flecha e a Farda
Crônica do Espaço
O Índio Cor de Rosa
O Reflexo do Lago (em breve)
Oroslan
Quem Tem Medo de Ideologia? (em breve)
Responsabilidade Empresarial
Traveser (em breve)
Trouble
Visão Noturna (em breve)
Programa 03 de Curtas (em breve)
Programa 04 de Curtas (em breve)
Programa 05 de Curtas (em breve)
Mirada Paranaense
Alma do Gesto (em breve)
Programa 06 de Curtas (em breve)
Programa 07 de Curtas (em breve)
Exibições Especiais
Nardjes A. (em breve)
O Tango do Viúvo e seu Espelho Deformador
Encerramento
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9º Olhar de Cinema
Filme de Abertura
Para Onde Voam as Feiticeiras (Eliane Caffé, Carla Caffé, Beto Amaral, 89′ – Brasil)
Sinopse: Para Onde Voam as Feiticeiras acompanha um grupo de performers LGBTQIA+ em intervenções artísticas no centro de São Paulo. Suas ações são disparadoras de debates sobre desigualdades sociais, preconceitos e vidas marginalizadas, permeados pelas lutas dos movimentos negro, indígena, de ocupações urbanas. Com uma forma híbrida em contínua construção, o filme aposta menos na busca por respostas e mais no diálogo coletivo enquanto método e finalidade. Ele extravasa a circunscrição de bandeiras identitárias, permitindo-se contaminar pela centelha incontrolável de vida que vem do gesto de lançar-se às ruas. Leia a Crítica.
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9º Olhar de Cinema
Mostra Competitiva
A Mostra Competitiva tradicionalmente apresenta uma seleção composta por filmes recém-lançados e ainda inéditos no Brasil, um conjunto de apostas e descobertas que busca o equilíbrio entre inventividade, abordagem de temas contemporâneos e potencial de comunicação com o público. Nesta edição serão nove longas-metragens, formando um recorte original da cinematografia mundial. (texto oficial do Festival)
Longas e Médias
A Metamorfose dos Pássaros (Catarina Vasconcelos, 101′ – Portugal)
Sinopse: No longa de estreia da portuguesa Catarina Vasconcelos, os mistérios habitam os detalhes. A passagem do tempo é sentida nas imagens da memória, presentificadas nos corpos e paisagens rigorosamente encenados para a câmera. Neste filme-ensaio afetivo, a escrita de si feminina, consciente de seu próprio caráter fabular, desdobra-se nas brechas de um caleidoscópio familiar: entre pai e filha, avó e neta, com a ausência espaçosa da palavra mãe. À narração over, também partilhada poeticamente, cabe o gesto de alinhavar instantes perdidos, resgatar a História de um país que reluta em mudar, forjar novos laços e genealogias por meio (e por causa) do cinema. Leia a Crítica.
Entre Nós Talvez Estejam Multidões (Pedro Maia de Brito, Aiano Bemfica, 99′ – Brasil)
Sinopse: A construção de uma comunidade vai muito além dos muros erguidos e tijolos assentados: está na invenção cotidiana daquilo que é comum, na vida partilhada em seus perrengues e vitórias. Sob essa premissa, este longa de estreia (dos diretores de Na Missão com Kadu) documenta o dia a dia na ocupação urbana Eliana Silva, em Belo Horizonte, às vésperas das eleições de 2018. Visto de dentro, o território arduamente conquistado torna-se tão protagonista quanto seus moradores, que discorrem sobre militância política, companheirismo, amor. Junto aos registros e depoimentos está a (re)invenção da subjetividade por meio da arte, indo na contramão das narrativas totalizantes que reduzem suas existências a notícias de jornal. Leia a Crítica.
Longa Noite (Eloy Enciso, 90′ – Espanha)
Sinopse: O terceiro longa-metragem do galego Enciso encara o fascismo de frente. O filme transcorre nas sombras do regime de Franco, com um roteiro baseado em textos de diversos escritores espanhóis e um enredo desencadeado pelo retorno do misterioso Anxo (interpretado por Misha Bies Golas) à sua aldeia após desaparecer durante a Guerra Civil Espanhola. As pessoas ao seu redor descrevem aquela época, suas memórias e suas vidas ulteriores com a escolha entre submissão e resistência ecoando nas palavras de cada orador. A cinematografia de Mauro Herce transmite a luz e força de espíritos individuais enquanto a escuridão paira sobre suas cabeças.
Los Lobos (Samuel Kishi, 95′ – México)
Sinopse: Para muitos, o isolamento social não é uma invenção da pandemia. Realizado antes de qualquer quarentena sanitária, Los Lobos se baseia nas lembranças da infância do seu diretor: um mexicano que, repentinamente aos cinco anos de idade, se vê habitando, com sua mãe e irmão mais novo, uma terra estranha (ironicamente chamada de Novo México) em outro país. Lá, enquanto a mãe sai para trabalhar, as crianças vivem confinadas ao interior de um pequeno e desconfortável apartamento. Assim como suas imaginações e engenhosidade, o cinema se torna uma expansão de experiências e máquina de gerar empatia. Leia a Crítica.
Luz nos Trópicos (Paula Gaitán, 260′ – Brasil)
Sinopse: Em 2013, após décadas de trabalho em múltiplas linguagens, Gaitán estreava sua épica primeira ficção, Exilados do Vulcão. Ainda mais audacioso, seu mais recente filme navega por memórias caudalosas das Américas. Inspirado em uma expedição europeia do séc. XIX e mobilizado pela busca de Igor (interpretado por Begê Muniz) por sua ancestralidade Kuikuro no momento presente, o river movie revisita e reinventa, entre Nova Iorque e o Pantanal, imagens, parcerias e procedimentos que atravessam a obra da artista. Nesta impressionante viagem, a passagem do tempo se dilui no fascínio persistente das mais instigantes paisagens sonoras e visuais. Leia a Crítica.
Na Cabine de Exibição (Ra’anan Alexandrowicz, 71′ – Israel | Estados Unidos)
Sinopse: “O que se passa numa imagem?”, o cinema nos pergunta muitas vezes. “O que se passa na pessoa que olha uma imagem?”, o faz menos frequentemente. “O que se passa na pessoa que vê sua própria imagem enquanto olha para uma imagem?”, quase nunca. Pois estas três perguntas compõem o quebra-cabeças que o documentarista Alexandrowicz propõe para sua personagem, mas também para si mesmo e, mais decisivamente, para nós. Nesse jogo de espelhos deformadores, se veem refletidas as relações de poder entre Israel e Palestina, mas também entre uma câmera e aquilo que ela filma; entre um filme e aquele que o assiste. Leia a Crítica.
Nasir (Arun Karthick, 78, Índia | Holanda | Cingapura)
Sinopse: Em meio a uma rotina dura vivida entre as jornadas para o trabalho como vendedor de tecidos e o cuidado com sua família, incluindo o filho adotivo com deficiências, Nasir não deixa de sonhar com um futuro mais confortável, enquanto escreve cartas de amor para a esposa e declama suas poesias. Só que Nasir (interpretado por Koumarane Valavane) também é um muçulmano, vivendo num país cada vez mais dominado por uma latente intolerância com suas minorias religiosas. O auto-didata Karthick filma com atenção os ritmos da vida cotidiana e a maneira insidiosa como a realidade social pode sufocar as existências humanas. Leia a Crítica.
Um Filme Dramático (Eric Baudelaire, 114′ – França)
Sinopse: Um Filme Dramático pergunta a quem pertence o cinema. E o faz por meio de cenas da primeira turma matriculada no recém-construído Collège Dora Maar, no subúrbio parisiense de Saint-Denis, cujos alunos usam câmeras para debater como representar o mundo que os cerca e que mundo almejam. Baudelaire trabalhou em uma comissão durante quatro anos (começando em 2015) junto com alunos do ensino médio, vários dos quais advém de famílias de imigrantes e enxergam a França através de um olhar estrangeiro. Com o passar do tempo, surge uma construção de confiança a partir do processo de coautoria, aprendizagem e um modelo social provisório. Leia a Crítica.
Victoria (Sofie Benoot, Liesbeth De Ceulaer, Isabelle Tollenaere, 72′ – Bélgica)
Sinopse: As vidas negras importam neste filme poderoso sobre uma nova fundação do Oeste americano. Três diretoras belgas colaboram com Lashay T. Warren, um jovem esperançoso que se mudou com a namorada e os filhos de Los Angeles para California City, um projeto iniciado na década de 1960 no deserto de Mojave e ainda inacabado, que abriga menos de 15.000 pessoas hoje. Lashay trabalha varrendo ruas desertas, faz longas caminhadas até a escola para estudar sobre os colonos pioneiros e se filma em um diário ao longo de quase dois anos. A partir de um lugar descartado, contar histórias se torna uma maneira de escrever seu próprio nome no mundo. Leia a Crítica.
9º Olhar de Cinema
Curtas
Programa 01
Chão de Rua (Tomás von der Osten, 20′ – Brasil)
Sinopse: Após seu expediente, o pedreiro Alberto tem um inesperado encontro com sua meia-irmã, Valéria. Ela insiste em passar a noite na casa dele, o que ele evita. Alberto acabou de fazer uma tatuagem surpresa em homenagem à sua esposa, Célia; Valéria precisa de ajuda. Um filme sobre ausências e fantasmas, a partir de uma proposta de direção que opera na precisão, na economia de planos, de uso de planos fixos e detalhes que trazem delicadeza à narrativa e de uma fotografia que revela e constrói tanto quanto os diálogos dos personagens.
Noite Perpétua (Pedro Peralta, 17′ Portugal | França)
Sinopse: Uma mulher se despede. No extracampo, as vibrações de uma guerra e, com ela, as perseguições políticas. Dentro de campo, a meticulosa construção de uma mise en scène que precisa capturar todas as nuances dessa que não é uma despedida qualquer. Os homens do lado de fora e as mulheres do lado de cá da imagem tensionam as forças de trágicos rompimentos pela narrativa dos poucos pontos de luz em cena, da delicada intensidade dos gestos e, sobretudo, dos silêncios que contam tantas histórias. (C. A)
O Mártir (Fernando Pomares, 18′ – Espanha)
Sinopse: A textura da memória ganha relevo e sons próprios numa narrativa que, a partir de fragmentos de imagens (tais como acontecem nossas recordações), se nega a repetir a expectativa de violência e agressividade em corpos de homens sírios que são perseguidos em determinados territórios. O que agencia esses corpos masculinos é nada senão a ternura, a fraternidade. Desta vez, contada sob o ponto de vista de uma mulher que fala também sobre esses processos cíclicos de cuidado com o outro.
O Silêncio do Rio (Francesca Canepa, 14′ – Peru)
Sinopse: Em El Silêncio del Río, acompanhamos o mundo onírico de um menino de 9 anos, morador de uma casa flutuante no rio Amazonas, que quer ser um contador de histórias. Para ele, a alma do pai está confundida, pois dorme durante o dia e vive durante a noite, momento que sai para pescar. Nesta fabulação, os mistérios dos sonhos são mesclados com a vivência cotidiana. Em uma noite, o filho sai a procura do pai.
Clique aqui e leia o texto crítico sobre a sessão dos curtas.
Programa 02
Algo-Rhythm (Manu Luksch, 14′ – Áustria | Senegal | Reino Unido)
Sinopse: Uma disputa no verbo, na cadência, um palanque político virtual onde vence (será que vence?) quem melhor se sair nas batalhas de rimas do hip hop. Mas não só isso: uma disputa dentro do erro da imagem, uma batalha dentro do bug do sistema. Nessas falhas, revemos o poder e o controle das pessoas pelas redes sociais, o discurso de “seja você mesmo” monetizando vidas, glorificando a ideia do sujeito autodeterminado do Ocidente. As imagens são estranhas, mas o mundo é mais estranho que elas. Os algoritmos nos fascinam em seus ritmos.
Noite de Seresta (Sávio Fernandes, Muniz Filho, 19′ – Brasil)
Sinopse: Quem canta seus males espanta. Esse é o lema de Kátia, uma mulher que dedica sua vida a cantar acompanhada por midis de karaokê. Quando canta, seu corpo e sua alma se expandem, não ficam circunscritos a um palco, percorrem o ambiente, dançam, sorriem, interagem e contagiam seu público, as mazelas da vida se apagam. Nesse documentário observamos um desses momentos da cantora, conhecendo um pouco de sua vida e sua forma de estar no mundo. Viramos também o seu público, que é agraciado com sua energia, que canta junto, que espia.
Panteras (Erika Sanchez, 22′ – Espanha)
Sinopse: Joana e Nina tem uma relação que extrapola as convenções de afeto e vivem uma intensa fase de descobertas e reflexões sobre seus desejos, sobre mudanças de seus corpos. Há uma forma misteriosa de filmar a interação das personagens, que fica na fronteira entre uma amizade extremamente íntima e um namoro. O filme acompanha Joana em sua subjetividade e incertezas, que observa mulheres e se observa, diante da pulsante curiosidade sobre seu gênero, sua sexualidade e do julgamento alheio.
Tela de Shanzhai (Paul Heintz, 23′ – França)
Sinopse: De que maneira é possível atualizar o debate sobre aquilo que Walter Benjamin já há muito tempo chamava de “a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”? Esse filme não surge como resposta à essa questão (ou a qualquer outra questão), mas citar o texto de Benjamin é inevitável para, talvez, abrir algumas portas nesse ambiente melancólico que é aqui meticulosamente construído em uma narrativa que nos força a investigar as possibilidades de fruição estéticas diante de realidades cada vez mais virtuais
Clique aqui e leia o texto crítico sobre a sessão dos curtas.
Clique aqui e leia uma crítica com entrevista sobre o curta “Noite de Seresta”.
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9º Olhar de Cinema
Mostra Novos Olhares
A Novos Olhares – dedicada a longas-metragens com propostas estéticas mais arriscadas e radicais – nesta edição dá uma atenção especial ao resgate de um passado que deixou feridas e ausências; destaca a força do cinema em sua relação com o indivíduo e o enxerga como possibilidade de acesso, memória e cura. São seis títulos inéditos no país. (texto oficial do Festival)
Agora (Dea Ferraz, 70′ – Brasil)
Sinopse: Em um estúdio, artistas e ativistas são convidadas/os a improvisar corporalmente seus sentimentos com a mediação do aparato cinematográfico: seus desejos, angústias, indagações. Nessa caixa escura, o contexto macro-político se entrelaça às questões íntimas. Nesse dispositivo de confinamento (tal qual o isolamento social), a escassez de palavras favorece a aparição dos corpos em sua máxima potência. Ao formular um tempo não-cronológico, a aposta do filme está na experiência sensorial do aqui e agora: da elaboração de si, do encontro fílmico, da reflexão sobre um país. Leia a Crítica.
Letra Maiúscula (Radu Jude, 128′ – Romênia)
Sinopse: “Queremos justiça e liberdade!”, gritava em caixa alta a inscrição em um muro de Bucareste, em 1981. A infame história do adolescente Mugur (interpretado por Bogdan Zamfir), perseguido pela ditadura de Nicolae Ceausescu, é inventivamente narrada por Radu Jude (de A Nação Morta, Olhar ’18) através da costura entre relatórios de segurança nacional e imagens televisivas da época. Inspirado em uma peça teatral, o filme lança mão da artificialidade do dispositivo cênico emaranhado à pesquisa de arquivo, lembrando-nos a todo momento que a História, assim como os discursos, está constantemente em disputa.
Los Conductos (Camilo Restrepo, 70′ – Colômbia | França | Brasil)
Sinopse: Restrepo ganhou destaque após uma série de curtas-metragens alegóricos que pairavam no precipício entre a Vida e a Morte. Depois de Cilaos (Olhar ’17) e La Bouche, vem o primeiro longa-metragem vulcânico do cineasta nascido na Colômbia, no qual um jovem atormentado chamado Pinky (interpretando uma versão de si mesmo) busca orientação em forças opostas em Medellín. Sua jornada saindo dos confins de uma seita religiosa para o trabalho em uma fábrica de camisetas se depara contra violentas rupturas, que ocorrem de maneira tranquilizante e chocante. O país de Pinky surge como uma espécie de sonho febril. E sua história como um pesadelo do qual a arte o ajuda a despertar. Leia a Crítica.
O Ano do Descobrimento (Luis López Carrasco, 200′ – Espanha | Suíça)
Sinopse: Em um bar em Cartagena, o tempo se espirala nas conversas de frequentadores/as, nos sons oriundos do rádio e nas imagens exibidas na tevê. Em seu segundo longa-metragem, o espanhol López Carrasco (de O Futuro, Olhar ’14) volta a explorar a história recente de seu país, tendo como ponto de partida o ano de 1992: enquanto se celebrava a Exposição de Sevilha e os Jogos Olímpicos em Barcelona, um levante de trabalhadores/as contra a reconversão industrial toma as ruas cartageneras. Entre a saturação do visível e os ruídos daquilo que escapa aos limites do quadro e da memória, o filme cava espaços para a exumação de traumas coletivos. Leia a Crítica.
O que Resta / Revisitado (Clarissa Thieme, 70′ – Alemanha | Áustria | Bósnia-Herzegovina)
Sinopse: A artista multimídia alemã, pesquisadora e arquivista Thieme realizou diversas obras sobre a memória na Bósnia e Herzegovina, incluindo um curta metragem em 2010, no qual discretamente registrou locais que um dia serviram de palco na Guerra da Bósnia. Em seu novo longa, feito uma década depois, ela revisita esses lugares com uma pequena equipe e filma imagens estáticas do curta enquanto conversa com os moradores locais sobre o passado e suas vidas atuais. O projeto parte de um alicerce sombrio para algo mais alegre e leve, com uma disseminação lúdica da continuidade da vida que extravasa para além do quadro cinematográfico. Leia a Crítica.
Pajeú (Pedro Diógenes, 74′ – Brasil)
Sinopse: O riacho Pajeú, em Fortaleza, vítima do processo de urbanização da cidade, corre silencioso debaixo dos arranha-céus. Para a professora Maristela (interpretada por Fatima Muniz), recém-chegada na cidade, a invisibilidade do riacho toca o íntimo do seu ser: transformado em monstro ultra-poluído, ele lhe aparece em sonho com ares de filme de terror. A tentativa de contornar o esquecimento (seu e da cidade) torna-se, então, o esforço em recuperar os fragmentos dessa história, em criar memórias coletivamente. Sob um regime ficcional perfurado pelo encontro com espaços reais e ilustres desconhecidos, o filme refaz o curso do rio de modo a restaurar os pedaços de sua gente. Leia a Crítica.
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9º Olhar de Cinema
Mostra Foco
Nesta 9ª edição, o nome destacado na Mostra Foco é o do diretor Daniel Nolasco. Nascido em Catalão, Goiás, o realizador escreveu e dirigiu mais de nove curtas-metragens e dois documentários, todos os filmes participaram e foram premiados em diversos festivais. Seu primeiro longa de ficção, Vento Seco recentemente exibido na Berlinale e no Festival de Guadalajara é um dos filmes que poderão ser vistos. (texto oficial do Festival)
Mr. Leather (Daniel Nolasco, 84′ – Brasil)
Sinopse: Dom Barbudo, pioneiro da cena fetichista e BDSM gay de São Paulo, eleito o primeiro Mister Leather Brasil, em 2017, prepara-se para passar a faixa adiante, entregando-a para um dos quatro competidores da segunda edição do concurso. A disputa é acirrada, e com o título virão também as responsabilidades de promover a cultura do couro e de representar o país na competição internacional, anualmente realizada em Chicago. Mesclando elementos fabulares a procedimentos documentais mais tradicionais, o longa acompanha os bastidores do evento e da cena leather paulistana, investigando com humor as referências dessa estética e suas transformações na contemporaneidade.
Paulistas (Daniel Nolasco, 77′ – Brasil)
Sinopse: No interior do Centro Oeste do Brasil, os ritmos do cotidiano de uma região marcada pelo êxodo crescente da população são alterados na época do ano em que os jovens voltam de férias para suas cidades natais. Ruínas de casas desocupadas e as extensas plantações de monocultura marcam a paisagem por onde os personagens transitam de maneira quase fantasmagórica, ocupados pelos rituais e práticas da vida no campo, enquanto parecem tomados por um sentimento crescente de alienação. O retrato de uma região em transformação rápida, onde o conflito de gerações se dá não por disputas abertas mas sim pela maneira distinta como se identificam ou não com o lugar de onde vêm.
Vento Seco (Daniel Nolasco, 110′ – Brasil)
Sinopse: No árido interior de Goiás, um triângulo amoroso é desencadeado pela chegada de um misterioso forasteiro, perturbando a pacata rotina de Sandro (interpretado por Leandro Faria Lelo), funcionário de uma fábrica de fertilizantes. Em seu primeiro longa de ficção depois de dois documentários e vários curtas, o goiano Nolasco continua sua exploração da geografia do cerrado e do imaginário homofetichista. Apropriando-se, ao seu modo inconfundivelmente brasileiro, de elementos camp explorados por nomes essenciais do cinema queer, ele elabora um diálogo tórrido e ousado com os códigos melodramáticos.
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9º Olhar de Cinema
Mostra Olhares Brasil
Entre os títulos estão longas e curtas-metragens que compõem um recorte da nova e mais ousada cinematografia brasileira. A diversidade de olhares e narrativas é o ponto de maior destaque da mostra. (texto oficial do Festival)
Longas e Médias
Cabeça de Nêgo (Déo Cardoso, 85′ – Brasil)
Sinopse: O universo de uma escola pública cearense é aqui examinado em sua potência de revolução social. Quando o jovem Saulo Chuvisco (interpretado por Lucas Limeira) é alvo de um insulto racista que sai impune, e recusa-se a deixar o espaço da escola em protesto, as consequências do seu ato indisciplinar afetam toda a comunidade. Com uma narrativa envolvente aliada a um questionamento de fundo sobre o poder das imagens, o filme opera uma crítica contundente às dinâmicas de discriminação racial e de classe no Brasil, apostando na tomada de consciência coletiva que leva à ação popular direta. Leia a Crítica.
Canto dos Ossos (Jorge Polo, Petrus de Bairros, 89′ – Brasil)
Sinopse: Naiana (interpretada por Rosalina Tamiza) abandona o Canindé e a amizade de Diego (interpretada por Maricota) para dar aulas em uma escola pública de Búzios, onde um misterioso assassinato acontece. Partindo desse acontecimento, uma juventude vampírica, em deslocamento entre o nordeste e o sudeste do país, positiva a própria monstruosidade e faz da morte a reivindicação da vida eterna. A violência gráfica do horror aliada ao experimentalismo e à crítica social fazem desta produção (coletiva e de baixo orçamento, premiada em Tiradentes) uma mutante e heterodoxa alegoria do Brasil contemporâneo. Leia a Crítica.
Cavalo (Rafhael Barbosa, Werner Salles Bagetti, 84′ – Brasil)
Sinopse: No primeiro longa-metragem alagoano feito via leis de fomento público, acompanhamos sete jovens artistas negros/as em seus processos criativos. A forma híbrida do filme costura os regimes documental, performático e ficcional, apresentando uma imersão na ancestralidade atravessada pelo cotidiano, com seus hábitos e afetos. O olhar cuidadoso para as manifestações culturais e religiosas de matriz africana resulta em uma estética única, atenta para a temporalidade espiralar que permeia as performances individuais e coletivas. Leia a Crítica.
Fakir (Helena Ignez, 92′ – Brasil)
Sinopse: O último longa-metragem dirigido por uma das maiores cineastas do Brasil tem como ponto de partida um livro de 2015 sobre faquirismo, uma arte da fome cujos intérpretes mais famosos chegavam a ficar 100 dias em jejum. O trabalho de Ignez mescla material de arquivo das décadas de 1920 a 1950 com cenas documentais e teatrais contemporâneas para explorar uma prática raramente exercida hoje em dia, mas que já atraiu multidões em países como França e Brasil. O filme destaca algumas das mais icônicas mulheres faquires, cujas identidades enquanto artistas e mulheres lhes causaram uma dupla perseguição. Leia a Crítica.
Sertânia (Geraldo Sarno, 97′ – Brasil)
Sinopse: Mais de 50 anos depois de realizar alguns dos essenciais documentários acerca do cotidiano do sertão nordestino e da vida dos migrantes oriundos de lá, Geraldo Sarno retorna a esse espaço com a liberdade e clareza que apenas a maturidade permite atingir. Não é exagero dizer que Sertânia conversa de igual para igual com Guimarães Rosa ou Marcel Proust em seus voos (e rastejos) pela memória e pela fabulação. A história de seu protagonista costura com precisão Canudos, como nosso “pecado original”, com a vida migrante no Sudeste e o cangaço. Não é pouco. Leia a Crítica.
Um Animal Amarelo (Felpe Bragança, 115 – Brasil | Portugal | Moçambique)
Sinopse: Felipe Bragança avança em sua pesquisa das potencialidades de uma aproximação fabular e fantástica, buscando exercitar a linguagem de um cinema popular em cotejo com influências e diálogos múltiplos. O filme acompanha um cineasta (interpretado por Higor Campagnaro) num mergulho por suas raízes, que o leva a Portugal e Moçambique, onde o fascínio por uma realidade desconhecida choca-se com as mazelas de uma história colonial violenta. Nele, vemos um artista brasileiro, entre a depressão e a inquietude, tentando descobrir o que ainda é capaz de criar nesse país que patina entre a maravilha e o horror. Leia a Crítica.
Yãmĩhex: As Mulheres-Espírito (Isael Maxakali, Sueli Maxakali, 76′ – Brasil)
Sinopse: Ancestrais do povo Maxakali, etnia da dupla de cineastas Sueli e Isael, as Yãmĩyhex (Mulheres-Espírito) visitam Aldeia Verde (Apne Yxux), em Minas Gerais, com periodicidade. Após meses de estadia, a hora de partir é acompanhada por um longo ritual, filmado, aqui, por uma câmera que também brinca o festejo de despedida, preservando o tempo e o espaço daquilo que não é visível e nem dizível. Vencedor da Mostra Olhos Livres em Tiradentes, o filme é o resultado mais recente da trajetória do par de artistas e documentaristas em seu projeto de continuidade e compartilhamento da cultura indígena através do cinema. Leia a Crítica.
9º Olhar de Cinema
Curtas
Programa 08
A Morte Branca do Feiticeiro Negro (Rodrigo Ribeiro, 10′ – Brasil)
Sinopse: O relato missivo de uma impossibilidade de vida. Com o texto de uma carta escrita por um homem que foi escravizado no Brasil Colônia, esse filme cria a textura das histórias não contadas dessa Colônia que se atualiza todos os dias. O que foi escrito é colocado sobre imagens de arquivo e reconstruções contemporâneas dos caminhos rumo ao quarto escuro para onde essa carta nos leva. É uma história de banzo, da consciência de exilamento em um mundo que o tentava impedir a própria palavra. E portanto, é momento do nomeado nomear isso que se nega. Leia a Crítica.
Enraizadas (Juliana Nascimento, Gabriele Roza, 14′ – Brasil)
Sinopse: Os penteados tem trajetória? As tranças sim. No documentário dirigido por Gabriele Roza e Juliana Nascimento a estética das tranças nagôs nos são apresentadas a partir de sua constituição histórica, trazendo novas dimensões para pensar ancestralidade e identidade negra. Contado através de entrevistas e materiais de arquivo, o filme reelabora o ato de trançar os cabelos para além do quesito estético: é resistência, afeto e raiz.
Inabitável (Matheus Farias, Enock Carvalho, 19′ – Brasil)
Sinopse: Quais são as possibilidades de mundo para corpos em que as existências são questionadas? Neste filme de Matheus Farias e Enock Carvalho, acompanhamos a trajetória de uma mãe, Marilene, em busca da filha, Roberta. Nesta procura, para além dos caminhos já demarcados para estas mulheres, na esperança de um lugar habitável por elas e tantas outras, descobrimos que ainda assim, há mundo por vir. Leia a Crítica.
Mãtãnãg, A Encantada (Shawara Maxakali, Charles Bicalho, 14′ – Brasil)
Sinopse: Baseado em um dos mitos tradicionais do povo Maxakali, dirigido por Shawara Maxakali e Charles Bicalho, acompanhamos a trajetória de Mãtãnãg, que após ver o marido morto por uma picada de cobra, decide segui-lo, iniciando sua jornada rumo à aldeia dos espíritos. Nesta animação, a divisão entre mundo dos mortos e mundo dos vivos ganha outras possibilidades de compreensão. Leia a Crítica.
Minha História é Outra (Mariana Campos, 22′ – Brasil)
Sinopse: Em Minha História é Outra, filme de Mariana Campos, temos acesso à contrapartida imagética e discursiva construída sobre a subjetividade de mulheres negras lésbicas. A partir da vivência de duas amigas que compartilham, sobretudo, momentos afetivos, o filme híbrido nos apresenta outras histórias dessas subjetividades, concluindo que o amor entre mulheres negras pode ser mais do que uma história de amor. Leia a Crítica.
O Verbo se Fez Carne (Ziel Karapotó, 6′ – Brasil)
Sinopse: Neste filme experimental de Ziel Karapotó o diretor performa, de forma ritualística, o entendimento da língua como um recurso de exploração e violência, bem utilizada durante o período colonial. Com isto, esboça algumas possibilidades de resposta para a pergunta: que traumas carregam culturas e corpos colonizados? Leia a Crítica.
Os Últimos Românticos do Mundo (Henrique Arruda, 22′ – Brasil)
Sinopse: O ano é 2050. Um casal se prepara para a contagem regressiva do mundo tal como eles conhecem, pois uma nuvem rosa se aproxima e, com ela, o desfecho da existência. Mas Pedro e Miguel passeiam por memórias que nos levam por um percurso de referências que atravessam um imaginário de Sessão da Tarde e de trilhas sonoras que correm entre o brega recifense e hits dos anos 1980. Nesses espaços de conforto da alma, diante do fim iminente, só um recado ainda pode ser transmitido: “Amem-se”.
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9º Olhar de Cinema
Mostra Outros Olhares
A Mostra Outros Olhares mescla em sua seleção longas e curtas-metragens ainda inéditos e filmes que já possuem uma trajetória em festivais e mostras internacionais recentes. São várias propostas, estilos, linguagens e abordagens feitos em torno de uma série de extremidades que reflete o mundo atual. (texto oficial do Festival)
Longas e Médias
A Flecha e a Farda (Miguel Antunes Ramos, 85′ – Brasil)
Sinopse: O documentário começa com a descoberta em 2012 de registros silenciosos de integrantes da GRIN (Guarda Rural Indígena) desfilando fardados em 1970. O filme continua a investigar esse grupo miliciano indígena, fundado e treinado pela ditadura militar no Brasil e nunca formalmente dissolvido até o presente. A partir de uma análise do material de arquivo e encontros atuais com ex-membros da GRIN e suas famílias se desdobra uma reflexão bifurcada sobre o legado da ditadura e o lugar dos indígenas na sociedade brasileira, no qual passado e presente pesam em igual medida. Leia a Crítica.
Crônica do Espaço (Akshay Indikar, 85′ – Índia)
Sinopse: Dighu (interpretado por Neel Deshmukh), um calado e observador menino de oito anos, não sabe se um dia voltará a morar em sua cidade natal, Pune, de onde partiu com sua mãe e irmã rumo à região de Konkan, na chuvosa costa oeste indiana. Ele tampouco sabe para onde foi seu pai, ou mesmo quando ele irá retornar. Os dias se encadeiam como notas soltas em um diário, como o rio que inevitavelmente corre em direção ao mar. Nessa crônica sobre o amadurecimento e o luto, são as lacunas, as incompreensões, os sonhos e distrações, próprios do período da infância, que nos guiam pela passagem do tempo e seus mistérios. Leia a Crítica.
O Índio Cor de Rosa contra a Fera Invisível: A Peleja de Noel Nutels (Tiago Carvalho, 71′ – Brasil)
Sinopse: No momento em que uma pandemia massacra as populações indígenas do Brasil, sob o beneplácito de um governo saudoso da ditadura, parece urgente ouvir a voz do médico sanitarista Noel Nutels, que ressurge aqui em seu único registro remanescente, falando ao Congresso em pleno regime militar. Em cotejo com um material audiovisual impressionante, capturado por ele em suas missões aos territórios indígenas, essa voz não esconde a agressividade inata a seu lugar de fala. Nutels não é, aqui, o herói de um cordel laudatório: é um fantasma consciente das suas faltas que interpela o silêncio cúmplice dos que se calam.
O Reflexo do Lago (Fernando Segtowick, 80′ – Brasil)
Sinopse: A usina hidrelétrica paraense de Tucuruí, uma das maiores do Brasil, carrega no seu entorno uma contradição: os habitantes das ilhas formadas por seu lago não têm acesso a direitos básicos, dentre eles a própria energia elétrica. Com um olhar sensível para o espaço, o documentário nos apresenta estes sujeitos fascinantes em uma estética p&b que atravessa os encontros, relatos e imagens de arquivo. Símbolo do ideal de progresso destrutivo do regime militar, a usina materializa o desejo de domar a floresta, enquanto essas comunidades nos ensinam outros caminhos de lida e cuidado com a terra.
Oroslan (Matjaz Ivanisin, 71′ – Eslovênia | República Tcheca)
Sinopse: Oroslan é uma fábula afável dos artistas responsáveis por Homens que Jogam (Olhar ’18) que se desenvolve em uma comunidade eslovena na Hungria rural em um filme de 16 mm calorosamente texturizado. Começa com a morte do aldeão titular (um trabalhador em um matadouro e bebum convicto, cujo nome significa “Leão”) e prossegue por meio de visitas bem-humoradas a amigos, colegas e entes queridos cujas histórias de leituras de palmas, ataques epilépticos, viagens transportando árvores para Budapeste e outras aventuras lentamente o trazem de volta à vida. Baseado em um conto, o filme documenta um universo ao mesmo tempo que se deleita com os prazeres da ficção. Leia a Crítica.
Quem Tem Medo de Ideologia? (Marwa Arsanios, 57′ – Líbano | Síria | Curdistão
Sinopse: Resultado de uma extensa investigação no cinema e artes visuais, este inventivo filme-ensaio apresenta três grupos de mulheres em regiões de guerra, com seus saberes tradicionais e modos de intervenção no mundo: o movimento autônomo de mulheres curdas; uma comunidade exclusivamente feminina na Síria; e refugiados em uma cooperativa libanesa. A cineasta, nascida nos EUA e baseada em Beirute, aborda práticas eco-feministas em suas relações contemporâneas entre sujeito, natureza e território. Sua economia de procedimentos formais favorece o protagonismo das pautas políticas, alimentadas por uma pergunta de fundo: o que significa pertencer?
Responsabilidade Empresarial (Jonathan Perel, 68′ – Argentina
Sinopse: A frontalidade como profissão de fé: o cineasta argentino Perel estaciona seu carro frente à porta de edifícios que serviram de sede para indústrias ou empresas argentinas e, sobre um plano fixo, lê detalhadamente um relatório de 2015 do governo que elenca as maneiras como cada empresa sacrificou seus empregados politicamente ativos em prol da ditadura local. Sua voz projeta um passado sujo que permitiu a manutenção de um Estado autocrático pela conivência (e participação ativa) da elite econômica local. Revelador e doloroso, urgente e atemporal, o filme é devastador ao recordar nossa história latina partilhada. Leia a Crítica.
Traveser (Após a Travessia) (Joël Akafou, 77′ – França Z Bélgica | Burquina Faso)
Sinopse: O mais extraordinário sobre o marfinense Inza Touré é aparentemente ele não ter nada de extraordinário. Já o extraordinário no modo como Joël Akafou o filma é como consegue não fazer de Touré apenas mais um exemplo indistinto de uma condição (a do imigrante africano na Europa). O segredo para isso talvez se deva justamente à maneira como o cineasta (não por acaso ele também um migrante africano na Europa) aposta ser na banalidade dos entrechos amorosos, da saudade ou da incerteza pelo futuro onde mais se revela a dimensão única de cada indivíduo: o humano como sempre algo de extraordinário.
Trouble (Mariah Garnett, 82′ – EUA | Reino Unidos)
Sinopse: Nesta autobiografia fragmentada e performativa, a multiartista estadunidense Garnett faz do encontro com seu pai irlandês, a quem desconhecia, um processo de investigação das imagens de um documentário televisivo realizado em 1971. Nele, o patriarca é apresentado como o jovem protagonista de um proibido romance inter-religioso (Católico/Protestante), vivido em Belfast no período dos Troubles. Com a mesma inspiração queer que atravessa trabalhos anteriores, a diretora faz da história o mote para uma reconstrução. Tensionando diversas margens, ela forja identidades à medida em que também as reinventa. Leia a Crítica.
Visão Noturna (Carolina Moscoso Briceño, 80′ – Chile)
Sinopse: Como sobreviver ao abuso sexual? E como sobreviver aos abusos que dele decorrem? Oito anos após ter sido violentada durante uma viagem de férias, a chilena Carolina Moscoso, à época estudante de cinema, faz de seu longa-metragem de estreia um ensaio em que articula novas miradas, a partir do presente, às imagens e materiais de seu arquivo pessoal. Diante de registros que contornam a experiência do trauma, ela recupera a possibilidade de narra-lo, em uma dolorosa, mas potente, aposta no cinema como ferramenta de elaboração íntima e social.
9º Olhar de Cinema
Curtas
Programa 03
Alienígena (Jegwang Yeon, 15′ – Coréia do Sul)
Sinopse: Nas colônias de um capitalismo sem fronteiras, a força de trabalho é sempre formada pelo anonimato alienígena. É assim com duas mulheres cujos laços de proximidade desconhecemos, mas cujas rotinas nos são familiares: estamos falando de duas operárias de chão de fábrica em algum país estrangeiro a elas, onde ambas são estrangeiras ao mundo. Na ilegalidade, todo regime de exploração é possível, assim como são possíveis todos os mecanismos de controle e perseguição. Mas é preciso restaurar a dignidade humana nas frestas de paredes indiferentes.
Eu Interior (Mohammad Hormozi, 15′ – Irã)
Sinopse: Uma jovem violinista tem uma apresentação a fazer, contudo é impedida de entrar no local pois não está com uma roupa formal culturalmente usada por mulheres islâmicas. Na recepção, à espera para conseguir uma vestimenta emprestada, testemunha outras mulheres na mesma situação e diversos momentos de tensão. O filme aborda em um curto espaço de tempo uma cultura que se faz presente no cotidiano e pode tornar-se castradora, ao mesmo tempo que pode ser um terreno fértil para relações de cumplicidade.
Manual do Zueiro Sem Noção (Joacélio Batista, 16′ – Brasil)
Sinopse: Joacélio Batista cria, em Manual do Zueiro Sem Noção, uma alegórica e divertida síntese de questões políticas, sociais e culturais por intermédio de seus personagens: crianças. Instrumentadas por brincadeiras infantis que se passam na periferia, elas (as crianças e as brincadeiras) dialogam com a realidade social a partir do jogo irônico com uma linguagem adulta e, de certo modo, acadêmica. O que nessas brincadeiras pode realmente ser chamado de “sem noção” e o que deve ser levado a sério?
Memby (Rafael Castanheira Parrode, 17′ – Brasil)
Sinopse: Memby, filme de Rafael Castanheira Parrode, nos convoca sensorialmente à entrada de um mundo que não conhecemos ou sequer existe. Talvez seja um outro mundo possível, onde não estaremos mais ajoelhados diante de uma funcionalidade racional das imagens. Com construção sonora que passa por didjeridus e tambores, e imagens que se distorcem e amplificam, o filme evoca nossos anseios e lembranças ancestrais.
Clique aqui e leia o texto crítico sobre a sessão dos curtas.
Programa 04
As Chamas do Sol (Pepe Sapena, 12′ – Espanha)
Sinopse: Em uma exposição, duas jovens mulheres se deparam com uma pintura (uma releitura de “O Aniversário”, de Marc Chagall), uma delas vê a pintura como uma ilustração do verdadeiro amor, do amor absoluto; a outra vê a pintura como algo meramente idealista. Uma discussão sobre distintas formas de compreender o mundo e distintos sentimentos vividos a partir das experiências individuais se inicia, construindo um filme que aposta no diálogo e nos pequenos gestos.
Garotas Crescem Desenhando Cavalos (Joanie Wind, 7′ – EUA)
Sinopse: “Heteronormatividade é Síndrome de Estocolmo” é uma das frases que figura neste filme que, a partir de uma colagem de múltiplas linguagens, cores vibrantes, metáforas visuais e performatividade, a diretora reflete sobre gênero e sexualidade. Um documentário experimental ensaístico, uma homenagem póstuma, em que a autora se inspira em si mesma e em sua avó, mulher que desde a infância era obrigada a ficar em casa debruçada nos serviços domésticos enquanto os homens da família saíam para explorar o mundo.
Mary, Mary So Contrary (Nelson Yeo, 15′ – Cingapura)
Sinopse: Ma Li sonha. Primeiro com ovelhas. Mas logo depois com um Oeste imaginado. Ma Li imagina ser esse corpo do Oeste, um corpo branco, dentro de um trem, o mesmo trem que anunciava a chegada da Modernidade. Um filme de várias sobreposições com imagens que, de alguma forma, nos comunicam sensações de que esse Oeste imaginado talvez seja um aprisionamento melancólico cujas imagens de arquivo de dois filmes – Spring in a Small Town, de Fei Mu, e A Dama Oculta, de Alfred Hitchcock – se misturam e nos confundem sobre o que é sonho e o que é cinema.
Rafameia (Mariah Teixeira, Nanda Félix, 24′ – Brasil)
Sinopse: Quais os limites que um corpo feminino precisa evocar cotidianamente? Em Rafameia, as diretoras Mariah Teixeira e Nanda Felix criam ambientações em que este corpo está em constante tensão. Carmem, após receber um entregador de máquinas de lavar em casa e nisso vivenciar uma situação incômoda, passa a entender os limites entre seu corpo, bem como os de outras mulheres e a cidade a partir de um novo ângulo.
Sonho Californiano (Sreylin Meas, 16′ – Camboja)
Sinopse: Duas jovens mulheres se conhecem por acaso em um hotel à beira-mar, rodeado por um uma atmosfera bucólica; uma é funcionária, outra hóspede. Ambas têm em comum o hotel como refúgio. O filme constrói uma atmosfera de extrema leveza e delicadeza, em seus planos, cortes, cores, principalmente na interação entre as duas personagens, em seus gestos, que buscam naquele local a possibilidade de respirar. Um desejo em comum que, quando compartilhado, traz a possibilidade do despertar de novos desejos.
Programa 05
Botões Dourados (Alex Evstigneev, 20′ – Rússia)
Sinopse: Alex Evstigneev nasceu e cresceu em Shatura, Rússia. Ele estudou Cinema Documentário no Instituto Estatal Russo de Cinematografia n.a. Sergej Gerasimov (também conhecido como VGIK), curso de Viktor Lisakovich e Alexej Geleyn. Alex realiza documentários, curtas-metragens, comerciais e vídeos musicais.
Os Meninos Lobo (Otávio Almeida, 17′ – Cuba)
Sinopse: Brincadeiras de guerra são comuns em infâncias em que o imaginário bélico é culturalmente alimentado. Neste documentário, o imaginário de dois irmãos vem principalmente do próprio pai, ex-combatente cubano em Angola. As memórias do pai, que tem seu corpo marcado pela violência, viram fabulações contadas e encenadas pelos filhos. A câmera acompanha o improviso da mesma forma que os personagens acompanham a presença da câmera, percorrendo a própria casa dessa família, que de tão precária, se aproxima também de um cenário de guerra.
Playback. Ensiao de uma Despedida (Agustina Comedi, 13′ – Argentina)
Sinopse: Como é possível se voltar para as imagens de arquivo para repensar o trauma sem, com isso, reproduzir esse trauma mais uma vez? Há um gesto cinematográfico nesse filme argentino que fala muito sobre as possibilidades de imaginar sobre esses arquivos, de contar aquilo que eles sozinhos não contam. A partir de extratos de uma fita VHS, a narração de um final feliz fabulado, as chances de “criar instantes de eternidade” dentro de um cenário de mortes em uma pandemia que, no anos 1980 e 90, levou embora tanta gente vítima do vírus HIV.
Rios Solitários (Mauro Herce, 28′ – França)
Sinopse: “Rios solitários desaguam no mar, direto nos braços abertos do mar, rios solitários suspiram: me espere, me espere. Estou voltando pra casa, me espere”. Vemos vários homens olharem fixamente para algum lugar de onde vem a voz de Elvis Presley, em junho de 1977, já muito doente e perto de morrer, cantando sua versão mais desesperada de Unchained Melody. Esses homens estão, eles também, sozinhos, em eterno estado de espera, operários de um sistema que os coloca sempre à deriva de suas próprias identidades.
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9º Olhar de Cinema
Mostra Mirada Paranaense
Longa
Alma do Gesto (Eduardo Baggio, Juslaine Abreu-Nogueira, 65′ – Brasil)
Sinopse: Este documentário observacional foi realizado por cineastas da UNESPAR. O filme acompanha a Téssera Companhia de Dança da UFPR, em imagens em preto e branco, enquanto os integrantes do grupo preparam a dança “Black Dog”, um trabalho sobre o enfrentamento da depressão, em junho de 2017. A história do filme, estruturada em capítulos, apresenta personagens arquetípicos superando crises individuais em prol da expressão coletiva. “A matilha tem que caminhar junto”, diz o austero, porém afetuoso líder da companhia, no contexto de um trabalho pedagógico sobre a importância de um espetáculo em curso.
Curtas
Programa 06
Cancha – Domingo é Dia de Jogo (Welyton Crestani, 17′ – Brasil)
Sinopse: Conduzido por Carlinhos, o documentário faz um retrato do movimento cultural que gira em torno da cancha central da comunidade Vila Verde. Um dos principais articuladores dos campeonatos de futebol que acontece aos domingos e ações comunitárias da vila, esse personagem relata um pouco do passado e do presente do local, de como a cultura do futebol amador afetou positivamente a vida dos moradores que ali vivem.
E no Rumo do meu Sangue (Gabriel Borges, 4′ – Brasil)
Sinopse: A partir de recortes de filmes do Cinema Novo brasileiro e com presença do cineasta Zózimo Bulbul, o filme dirigido por Gabriel Borges questiona a construção de um novo imaginário através destas imagens constitutivas de um movimento que se debruçou para tal conquista. E deixa uma pergunta: pôde o Cinema Novo criar um cinema novo?
Exumação da Arte (Maurício Ramos Marques, 14′ – Brasil)
Sinopse: Neste filme de Maurício Ramos Marques, o diretor propõe uma exumação da hierarquia da arte. A partir de uma narração performática, questiona o lugar da arte clássica, bem como sua estrutura oligárquica, apresentando em imagens, um rito possível para a arte operária.
Meia Lua Falciforme (Dê Kelm, Débora Evellyn Olimpio, 22′ – Brasil)
Sinopse: Construído a partir de depoimentos de pessoas que vivenciam a alteração genética nas células do sangue – conhecida como doença falciforme -, o documentário de Dê Kelm e Débora Evellyn Olimpio retrata as experiências de pessoas negras que a possuem, vivenciando os percalços que a doença, em conjunção com o racismo, impõe.
Napo (Gustavo Ribeiro, 16 – Brasil)
Sinopse: Nessa animação 3D, um avô vai morar com sua filha e seu neto, um menino que adora desenhar. A relação entre o neto e o avô, a princípio estranha, começa a se transformar a partir de desenhos que o menino faz e que despertam a memória antiga do velhinho. O filme tem um cuidadoso trabalho de fotografia e de som, e aposta na imagem, sobretudo nos gestos e expressões dos personagens, para transmitir as emoções.
Programa 07
A Mulher que Sou (Nathália Tereza, 15′ – Brasil)
Sinopse: O filme acompanha os primeiros dias de Marta que, ao lado de sua filha, arrisca um recomeço de vida em uma nova cidade. Marta, apesar de discreta e silenciosa, pulsa liberdade. Logo se percebe que ela não pretende perder oportunidades de novos ciclos e, com eles, abrir porosidades para novos apaixonamentos. Esse recorte da vida da personagem é filmado de forma delicada, pelo tempo dos planos, pela fotografia, pela sutileza dos gestos, pelo minimalismo que não sobra nem falta.
Além de Tudo, Ela (Pedro Vigeta Lopes, Pâmela Regina Kath, Mickaelle Lima Souza, Lívia Zanuni, 10′ – Brasil)
Sinopse: Estamos nos anos 1930 e Enedina Alves Marques se torna a primeira mulher negra a se formar em engenharia civil na Universidade Federal do Paraná. Trata-se, portanto, não apenas de um ambiente extremamente machista, mas também essencialmente racista. A partir de três depoimentos, conhecemos um pouco sobre a trajetória de Enedina e como ela se torna uma referência para várias outras mulheres negras no ambiente acadêmico do país e sobretudo na área de engenharia.
Aonde Vão os Pés (Débora Zanatta, 17 – Brasil)
Sinopse: Com sucessivas fotos de infância, uma garota começa a relembrar sua personalidade, que em contraponto à da irmã, já fugia do padrão de gênero. A narração é endereçada à sua mãe, como se o filme fosse uma espécie de tentativa de comunicação entre universos distintos. A câmera segue os passos de um momento de diversão dessa garota, já adolescente, que acompanhada de sua amiga e outras figuras da noite de um vilarejo, quebram convenções do que se espera de gênero e sexualidade, onde a liberdade do corpo, e consequentemente da alma, levam à leveza.
Cor de Pele (Larissa Barbosa, 3′ – Brasil)
Sinopse: Um filme-poema-manifesto-performance que reflete sobre o passado, presente e futuro de mulheres negras, que mesmo com diferentes identidades, historicamente são marginalizadas dentro da estrutura social brasileira. Em meio a imagens que convocam alegorias e metáforas, o filme fala sobre o cotidiano de violência, repressão e exploração para com essas milhões de mulheres, que também levam consigo marcas de dores que não viveram, como aponta um dos versos do poema narrado.
Seremos Ouvidas (Larissa Nepomuceno, 12′ – Brasil)
Sinopse: Se no mundo dos ouvintes os processos de invisibilização das mulheres já são constantes, tudo se torna infinitamente mais complicado e potencialmente violento quando discutimos sobre direitos entre a comunidade de mulheres surdas. O filme traz depoimentos fortes de três dessas mulheres que contam sobre suas experiências enquanto feministas que precisam superar vários obstáculos a mais dentro de uma sociedade patriarcal. Leia a Crítica.
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9º Olhar de Cinema
Exibições Especiais
Entre as mostra deste ano, está a exibições especiais, que conta com filmes de grandes mestres do cinema mundial e busca a redescoberta de títulos, privilegia o cinema brasileiro e abre um espaço especial para pré-estreias. (texto oficial do Festival)
Nardjes A. (Karim Aïnouz, 80′ – Argélia | França | Alemanha | Brasil | Catar)
Sinopse: Em março de 2019, o cineasta cearense Karim Aïnouz parte em busca das raízes de sua família paterna para realizar um filme autobiográfico, indo pela primeira vez à Argélia. Chegando lá, inspirado pelo entusiasmo das manifestações contra o governo local, termina “achando” um outro filme. Como nas suas ficções, sua câmera se cola aos movimentos da sua protagonista Nardjes, uma jovem ativista, ao longo das 24 horas ao redor de uma manifestação em pleno Dia Internacional das Mulheres. Ao filmá-la com paixão, o cineasta, exilado em Berlim há alguns anos, deixa implícito um chamado aos compatriotas brasileiros.
O Tango do Viúvo e seu Espelho Deformador (Raul Ruiz, Valeria Sarmienteo, 63′ – Chile)
Sinopse: O primeiro longa-metragem de Raúl Ruiz foi considerado perdido por décadas, até que seus rolos mudos incompletos foram encontrados em um cinema de Santiago. O trabalho do autor chileno foi continuado por sua viúva e editora de longa data, Valeria Sarmiento, também uma cineasta subversiva e brilhante. Tal como o tango, o filme avança para a frente e para trás, com rostos de 1967 e vozes de 2019 se unindo para moldar a história de um homem assombrado pelo fantasma nômade de sua esposa. Documentário e ficção combinam-se de forma bela, engraçada e gloriosamente desconcertante para formar a apoteose de um cinema eternamente sorrindo para a morte.
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9º Olhar de Cinema
Filme de Encerramento
Antena da Raça (Paloma Rocha, Luís Abramo, 71′ – Brasil)
Sinopse: Em 1979, enquanto o Brasil vivia o momento conturbado da Lei da Anistia, Glauber Rocha realiza para a TV Tupi o programa Abertura, no qual interroga de frente um Brasil contraditório e em ebulição, pleno de utopias mas sempre sob o peso de chagas seculares. Quarenta anos depois, sua filha Paloma e o parceiro Luís Abramo voltam a esse material, recentemente restaurado, e o colocam em fricção com cenas do cinema de Glauber – mas também com imagens do Brasil de 2018: um país ainda conturbado e contraditório, que parece perseguir o rabo de sua própria história.
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9º Olhar de Cinema
Programação por Dia
A obra será disponibilizados das 6h desse dia até as 5h59 do dia seguinte. Cada longa ou média custa R$ 5, assim como cada sessão de curtas-metragens.
Dia 07.10
Filme de Abertura
Dias 08.10 e 12.10
Dias 09.10 e 13.10
Dias 10.10 e 14.10
Dias 11.10 e 15.10
Dia 15.10
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9º Olhar de Cinema
Outras Atividades
O Seminário de Cinema de Curitiba terá seis mesas, acontecendo sempre às 16:00, entre os dias 8 e 14. Cliquei aqui e saiba mais sobre elas.
As oficinas do Olhar de Cinema acontecem às 9:30 nos dias 10, 12 e 13. Em sua nona edição, o Olhar de Cinema oferece três oficinas para complementar a experiência cinéfila daqueles que acompanham o festival, expandindo os sentidos dos participantes para as mais variadas facetas do cinema. Em 2020 os temas dos encontros serão Introdução à Direção de Fotografia, com a diretora de fotografia Lilis Soares; Olhares sobre Curtas Brasileiros Contemporâneos, com o crítico e pesquisador Adriano Garret e Trilha Sonora com o compositor e musicista Daniel Simitan. As aulas são gratuitas, acontecerão de forma online, com capacidade máxima para 30 participantes por oficina. Os interessados podem se inscrever de 21 de setembro a 01 de outubro através do site do festival. Clique aqui e saiba mais sobre elas.
O CURITIBA_lab é um espaço para desenvolvimento de projetos cinematográficos que seleciona projetos nacionais cujos produtores e diretores passarão, durante o festival, por acompanhamento e orientação de profissionais de cinema, que se debruçarão sobre os projetos a fim de apontar suas forças e fraquezas e orientar os produtores de modo a tornar seus projetos mais atraentes e viáveis. Ao final, eles apresentarão seus projetos para uma banca julgadora que escolherá um vencedor que receberá prêmio em dinheiro. Os três consultores de 2020 são: Rachel Ellis, Gabriel Martins e Luh Maza. Clique aqui e conheça os seis projetos selecionados este ano.
Clique aqui e visite a página oficial do Olhar de Cinema.
9º Olhar de Cinema
Parabéns e o artigo esta perfeito e bem explicativo sobre o
assunto. Infelizmente tem poucos sites abordando sobre
esse assunto. Compartilhei no meu twitter e facebook.
Obrigado! Ficamos felizes que tenha gostado e agradecemos muito o compartilhamento. Esperamos sempre contribuir com assuntos pouco tratados na grande mídia.